terça-feira, fevereiro 10, 2004

Mesas de café

Uma mulher olha perdida, desvanece-se a pouco e pouco, mistura-se com a neblina lá fora. Papéis, açúcar, garrafas vazias e semi-vazias, despojos do momento ali. Uma gargalhada sonante, um sorriso que responde. Um rapaz que espera, ansioso, treme nervoso. A rapariga atrás, de costas, sentada, que espera, ansiosa, treme nervosa. Um velho, agarrado ao copo, sente a vida passar por ele, tenta iludir-se com o tinto e enganar a morte. O copo é a certeza de outro dia, o que o faz lembrar-se que não morreu ainda (não, já não sente, o sentir é passado, e esse já não volta mais). As crianças comem bolos, os pais embevecidos amam-se. Um jornal, uma caneta, as palavras cruzadas. Nome de poeta? "Ary".

Mesas de café.