Asas.
Era tarde, tão tarde que a noite insistia em fazer-se sentir dentro do meu mundo.
Entardecia, tão lentamente que não sei se era meu o que me pertencia, e navegava noutra dimensão, a do sonho.
Vinhas, direita a mim, com as tuas asas de anjo, olhar de maresia.
Brilhavas ao luar, que a tarde deixava ver além das suas garras, longas e claras.
Chovia, a tua boca sorria, encostava-me ao meu coração.
Saltava louco, dentro de mim.
Olhei-te, desnudada pelo tempo, pela tarde.
E vimos o morrer do sol, sentados.
Ele vai renascer!
E nós também.
Álvaro Punhal.
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