terça-feira, maio 11, 2004

Asas.

Era tarde, tão tarde que a noite insistia em fazer-se sentir dentro do meu mundo.
Entardecia, tão lentamente que não sei se era meu o que me pertencia, e navegava noutra dimensão, a do sonho.

Vinhas, direita a mim, com as tuas asas de anjo, olhar de maresia.
Brilhavas ao luar, que a tarde deixava ver além das suas garras, longas e claras.

Chovia, a tua boca sorria, encostava-me ao meu coração.
Saltava louco, dentro de mim.

Olhei-te, desnudada pelo tempo, pela tarde.

E vimos o morrer do sol, sentados.
Ele vai renascer!
E nós também.

Álvaro Punhal.