sábado, janeiro 03, 2004

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Escrevo, sem medo, sem saber o que vou escrever, mas sem medo de me perder.
Afinal, não é esse perder o que procuro?

É que se noutros sítios me complemento, aqui liberto-me. E é assim que qero que continue, sem a pressão, sem a visibilidade, sabendo que a tenho, mas querendo fazer de conta e acreditar que ela não existe, que não me procura, que aqui estou livre.

Poder escrever em língua qualquer. Poder abrir-me como quiser sem ter que dizer nada a ninguém. GRITAR BEM ALTO olhar à volta e não ver nada. A não ser o presente que vou construindo à medida que olho para ele.

É por isso que nem sempre apareço. Para quando aparecer ser genuínamente genuíno, ser verdadeiramente verdadeiro, ser eu, só eu, na mais imperceptível medida do meu ser (eu).

É a minha ilha no meio do Atlântico do Desejo, o recanto escondido para quando me deixo cair da cama sabendo que não vou bater no chão, saio apenas deste mundo rumo ao outro, ao lado daquele para qual caminho sem querer.

Não percebes? Nem eu. Queres perceber? Também eu. Mas não é esta a magia? A essência? de tudo e de nós?

E que é essa essência afinal? O que somos nós afinal? E como podemos imaginar coisas como "essências", elas não se vêem, não se sentem, foram fabricadas, mas... mas como?

E o Amor o que é o amor? O Amor para mim é uma lua.

E o que parece desconexo e sem nexo. Aparece. E é assim que eu sou. E quem lê isto lê-me a mim. Ou aquilo que eu deixo sair, sem o deixar ou sem o prender.