quarta-feira, fevereiro 11, 2004

Divisões

Entram em turbilhão na cabeça, as ideias liquefazem a lucidez num mar de dúvidas. Não sei quem de mim escreve, não sei quem de mim diz o que devo e não devo fazer. Estou dividido, estou desfeito em vários cantos de mim.
Procuro-me no fundo, na imensidão de todos os que me invadem na ternura de um pensamento, quero destruí-los, amassá-los como se da folha de papel aonde os criei se tratasse.
É um bocado o sentir que sou eles todos, e não sou ninguém, na medida em que nenhum deles existe, nem nenhum deles me consegue fazer feliz, nenhum deles me completa.
Se sonhos se tratam, porque me assolam de dia?
Se vidas são porque não dormem na inconsciência?
Qual de vós é real?
Qual de mim é real?
Sou real?

Francisco Ventura.