segunda-feira, junho 07, 2004

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O teu sorriso pela manhã,
quando acordas com os lírios e os pardais,
é a mais terna certeza da essência do amar.

A doce monotonia de saber
que ao abrir os olhos
estás a meu lado,
perfeita,
envolta na neblina dos sonhos,
que te acompanha a cada gesto.

Ainda em silêncio, ali, onde a solidão termina e o azul do céu é mais azul, sinto-te cair sobre mim, platonicamente (como se fosse a primeira vez), e o ritual começa: primeiro apressa-se a brisa da manhã a cumprimentar-te, beija-me as costas de mansinho, deixa-te serena como a bruma que a pouco e pouco se desfaz. Logo de seguida, tímido como sempre, irrompe a medo o primeiro raio de sol. A tua silhueta é agora dourada, e o teu sorriso maior. Magnânime.

Cheira a terra molhada e ouve-se a chuva lá fora, cheira a amor e ouve-se o bater em uníssono dos nossos corações, cá dentro.

"Bom dia, meu amor"
E beijas-me.