As pessoas doem. E cai tudo quanto construímos.
Mais tarde? O reconhecer. Talvez. Não deixa de doer, e esforcei-me tanto por não morrerem. Eles que sempre cá estiveram como parte de mim. Perdi-os na magnificência parva da existência que não quis compreender.
E agora.
Estou sozinho.
Querem voltar?
Que voltem, estou cá sempre para os receber.
Criamos horizontes. Pessoas que queríamos ser enquanto nascemos. Crescemos. E perdemos as forças para os alimentar, e ficamos apenas nós.
Crescemos com eles, é certo. Deixámos morrer quem marcou. Quem doeu cá dentro e ultrapassámos como se não fosse nada. Porque fomos nós, porque foram bocados doentios de nós que queriam dominar o corpo que nem nós conseguimos controlar sozinhos.
Vida.
Francisco Ventura.
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