terça-feira, abril 18, 2006

Há coisas que nunca mudam.

Faz-se os possíveis e os impossíveis por sobreviver lentamente, sem pressas, na vida que trazemos connosco, sem coragem para enfrentar as sombras.

Assombro o passado, tristemente, com medo. Viro-me, encontro segurança. Sobrevive, por cima de todas as noites sozinho e triste, na esperança de encontrar alguém. De te encontrar. Assustado procuro o encaixe. No meio do sorriso, da ternura. Dos filmes que vemos e fazemos. E dos que somos capazes de sentir juntos. Podia ser superficial. Podia ser apenas uma companhia para me fazer ver a claridade no meio da bruma em que me escondi. Mas não, recuso-me a ver a flor no meio do espasmo de sofrimento, no campo ceifado pela dor e pela derrota. Não pode ser. Tem de ser algo mais.

Tu.

Algo mais, para vermos além da poeira, e acreditar que há raízes e braços por dentro da terra que pus por cima das feridas. Sentir-me seguro no teu abraço, no teu riso.

Inundei os olhos sem querer saber porquê. Fazes-me feliz.

És tu. Demasiado tu para desaparecer após o momento. Não fujas.


Obrigado.

Álvaro Punhal.