Perigoso?
Será? Diz-se por aí, quem brinca com o fogo queima-se.
Perigoso. Ainda assim, valerá ou não a pena?
Francisco Ventura.
Pelos caminhos de anteontem.
Será? Diz-se por aí, quem brinca com o fogo queima-se.
Haverá legitimidade da nossa parte para pedirmos heróis ao mundo, se nem em pequenas coisas somos dignos de cá estar?
Sabes Jamiro, a génese de quem sou, no sentido em que nem uma unidade encontro, o que faço, sinto ou escrevo, deve-se a ter tido desde que conheço o amor que tenho pelas palavras, alguém desde o inicio que fosse capaz de fazer com que visse, sentisse e acreditasse que valia a pena tentar, continuar a tentar escrever. Minto quando digo que sinto, mas já o senti. Minto quando escrevo sobre coisas que nunca vi.
Perco-me quando escrevo.
Com algum atraso, devido a algumas necessidades biológicas de curar ressacas.
Entram em turbilhão na cabeça, as ideias liquefazem a lucidez num mar de dúvidas. Não sei quem de mim escreve, não sei quem de mim diz o que devo e não devo fazer. Estou dividido, estou desfeito em vários cantos de mim.
Mais que uma sentença,
A Rapariga. Pesam-lhe os anos que não tem; a droga, a fome, a morte, a outra face do mundo, tudo passou por ela, menos o amor (esse, nem vê-lo, quanto mais senti-lo). Procurou em mim um carinho especial, e muito de algo que nem eu nem ninguém lhe poderá dar, momentos que já perderam a vez de serem, sensações que lhe foram vedadas, vê na televisão a família que nunca teve e por quem chora, delicia-se com as fábulas que lhe contam e imagina, antes de se render à amargura da crua realidade que a rodeia.
Uma mulher olha perdida, desvanece-se a pouco e pouco, mistura-se com a neblina lá fora. Papéis, açúcar, garrafas vazias e semi-vazias, despojos do momento ali. Uma gargalhada sonante, um sorriso que responde. Um rapaz que espera, ansioso, treme nervoso. A rapariga atrás, de costas, sentada, que espera, ansiosa, treme nervosa. Um velho, agarrado ao copo, sente a vida passar por ele, tenta iludir-se com o tinto e enganar a morte. O copo é a certeza de outro dia, o que o faz lembrar-se que não morreu ainda (não, já não sente, o sentir é passado, e esse já não volta mais). As crianças comem bolos, os pais embevecidos amam-se. Um jornal, uma caneta, as palavras cruzadas. Nome de poeta? "Ary".
Era, era um blog muito recentemente descoberto, mas um grande prazer de descoberta.
Stress, muito muito stress, muita pressão...
A conversa entre um parvo e o seu espelho.
Quando tu passas,
Contrariedades