sexta-feira, fevereiro 27, 2004

Perigoso?

Será? Diz-se por aí, quem brinca com o fogo queima-se.

Perigoso. Ainda assim, valerá ou não a pena?

Francisco Ventura.

sábado, fevereiro 21, 2004

A ferida aberta

Haverá legitimidade da nossa parte para pedirmos heróis ao mundo, se nem em pequenas coisas somos dignos de cá estar?

Queremos curar a fome no mundo. Esquecemo-nos do sem-abrigo que jaz na nossa rua.

Queremos uma solidariedade global. Esquecemo-nos do amigo que esteve lá sempre por nós e estará.

Desejos, promessas, sonhos, dados adquiridos. NÃO ACREDITO EM NADA.

(e se a minha esperança ainda não morreu, então está moribunda. A diferença? Nenhuma)

sexta-feira, fevereiro 20, 2004

O crescer do mundo.

Sabes Jamiro, a génese de quem sou, no sentido em que nem uma unidade encontro, o que faço, sinto ou escrevo, deve-se a ter tido desde que conheço o amor que tenho pelas palavras, alguém desde o inicio que fosse capaz de fazer com que visse, sentisse e acreditasse que valia a pena tentar, continuar a tentar escrever. Minto quando digo que sinto, mas já o senti. Minto quando escrevo sobre coisas que nunca vi.
Será bom?
Foste o empurrão, foste a culpa, eu visitar a Tasca e ver, raios, eu adoro escrever, porque nunca o tentei fazer de outro modo?
És e sempre serás o Jamiro que se espelha na escrita de arte.

Obrigado

Francisco Ventura.

zoiDoiz

Perco-me quando escrevo.
Mas este lugar fascina-me.
Quando tu Francisco, agonias na falta do que tenho para contar, sinto-me lisongeado. Eu não escrevo nada bem. Aliás eu não escrevo de todo. Deixo-as saírem. Às palavras, claro. Sonho um dia poder escrever, poder ser um "fingidor", e fazer a arte, em vez de a apreciar apenas.

Quando escrevo que choro, não escrevo que choro. Choro apenas.
Quando escrevo que aquele foi o melhor elogio que alguém me fez, não escrevo isso. Sinto-o apenas.
Ainda hoje li comentários que fiz, textos que postei, tanta coisa que não sabia tê-la feito. Olho para aquelas palavras, e só me oriento pelas horas que lá estão. Tento perceber mais ou menos como é que aquilo surgiu ali (bolas, ando mesmo cansado)

Mas sempre vou percebendo melhor como funciono e o que realmente vai fluindo aqui na minha cabeça.
Este lugar que me fascina é o mundo. Às vezes escreveria que esse mundo é o mundo. Hoje, estou umbiguista, carente talvez, faltou alguém dizer-me "gosto de ti", ou ver aquele pormenor que não vou esquecer nunca, hoje o mundo que me fascina é o meu. Sou eu. Há tanta coisa que não sei sobre mim! E que vou descobrindo! E escrevendo, às vezes.

Caramba, às vezes sabe tão bem ser egoísta.

Conseguir largar a preocupação que se tem por toda a gente. Só me sinto assim quando estou na iminência de desatar a chorar. Quando o que está enterrado surge de novo. E escolhe sempre a pior altura.

Dantes escrevia aqui sem medo. Ninguém lia isto. E eu podia espelhar-me aqui à vontade, sem medo de me dar a conhecer e sem medo que lessem isto e pensassem que estou a mais. Porra Francisco, porque é que tens de escrever tão bem? Agora continuo a escrever aqui sem medo. Já muita gente (e os/as que sei que lêem isto respeito tanto) lê isto. E eu continuo a espelhar-me aqui à vontade, sem medo de me dar a conhecer. Pensem que eu estou a mais, digam-mo na cara, não quero saber! Escrevo com raiva! Com a certeza que isto sou eu! E se eu sou desconexo também isto o é! E se isto está uma confusão é o que eu sou! O que o meu mundo é! Por dentro! Por fora! RRRR rrr RRRR-rrR-R-rr !!!

Nunca escrevi aqui nada, sem deitar lágrimas ou antes ou durante ou depois.

Percebes agora Francisco, porque é que só escrevo às vezes?
(porque nem sempre as lágrimas que choro a todos os momentos, saem cá para fora. Às vezes não passam das glândulas lacrimais)

domingo, fevereiro 15, 2004

Dia dos namorados.

Com algum atraso, devido a algumas necessidades biológicas de curar ressacas.

Aqui vêm as tentativas de demonstração do que foi esse dia:

É difícil falar sobre isto, na medida em que neste momento sou uma pedra, reneguei-me um bocado ao mundo dos amantes. Sei o que significa, sei que é bom. Agora, que mete medo mete. Não o consigo negar.

Num dia como este, ver uma pessoa infeliz, ver um velho no jardim, sozinho. Ver um jovem a quem o futebol destruiu a vida a beber ao balcão. A ver um senhor viúvo a sofrer.

Este dia é ingrato.

Só escolhi um pouco ver a parte má do dia no sentido em que sei que todos os bloggers que se dedicassem a falar sobre isto o iriam fazer de uma forma bonita, sincera, do que sentem, na medida em que é difícil ver o lado mau de um dia como este.

Eu tentei. Consegui.

Francisco Ventura.

The End.



É tão bom, levantar-me e sentir que hoje vai haver sorrisos.

Aquelas faces iluminadas pelo prazer de um presente de quem mais amamos. E de quem mais nos ama.

Acima de tudo, o amor que resplandece nos olhos dos amantes, no calor de um beijo trocado.

Seja escondido num vão de escada.

Seja no meio de uma praça pública.

Seja um beijo mal trocado, inexperiente.

Seja o primeiro, o último.

Um beijo de mascarados, o tempo é pouco.

Um beijo amado.

Profundo, frio!

Mas seja!

Pode ser único.

Ou…

Ah e claro, vamos ver-nos? Vamos amar-nos mais uma vez escondidos? Já que somos um segredo, não existimos. Quero ver-te outra vez, abraçar-te!

Até logo.

Álvaro Punhal.

The End.



Nos bastidores não vês ninguém,
entras em cena, sem leme, sozinha.
quando te vês em palco, serás quem?
Mexes sentimentos humanos, cozinha
onde se destilam amores impossíveis.

Crias sorrisos, em momentos negros.
Esqueces o passado, no ontem duro.
Aqueces o mundo com segredos
de mundos felizes, amor seguro.
Lágrimas salgam os momentos.

S. Valentim, vejo-te em cada olhar
em cada casal de jovens namorados
amam a vida, insistem em sonhar.
Fragmentos, inesquecíveis, recordados
no calor do dia que te é dedicado.

Filipa Amado.

The End.



No medo deste dia, sentado no balcão de um bar, bebo sem qualquer objectivo. Afinal de contas, é um dia igual aos outros.

Para mim.

Desde que partiste, nada mais voltará a ser o que era. E sorrio, nostalgicamente perante o espelho, do outro lado do balcão. Á minha volta, existem almas soterradas no mesmo mundo que eu.

Mascarados? Será altura? Ou a carcaça humana que escolheram encobre as mágoas?

Sem dúvida, os momentos que passámos naquele local, o nosso local, onde deixámos tudo de nós, e abraçámos a vida.

Neste dia.

Noutro ano.

Só tenho pena, este dia além de ser o dia que é devia ser um dia para todos.

Mas nem todos podem ter tudo.

Ainda te amo!

Augusto Fonseca.

The End.



Over and Out.

Francisco Ventura.

quinta-feira, fevereiro 12, 2004

love

a life less ordinary

"o amor é uma adaptação emocional a uma necessidade biológica"

é?

quarta-feira, fevereiro 11, 2004

Divisões

Entram em turbilhão na cabeça, as ideias liquefazem a lucidez num mar de dúvidas. Não sei quem de mim escreve, não sei quem de mim diz o que devo e não devo fazer. Estou dividido, estou desfeito em vários cantos de mim.
Procuro-me no fundo, na imensidão de todos os que me invadem na ternura de um pensamento, quero destruí-los, amassá-los como se da folha de papel aonde os criei se tratasse.
É um bocado o sentir que sou eles todos, e não sou ninguém, na medida em que nenhum deles existe, nem nenhum deles me consegue fazer feliz, nenhum deles me completa.
Se sonhos se tratam, porque me assolam de dia?
Se vidas são porque não dormem na inconsciência?
Qual de vós é real?
Qual de mim é real?
Sou real?

Francisco Ventura.

Este mundo.

Mais que uma sentença,
mesma história mal contada,
a vil e cruel incidência
de uma pessoa mal amada.

Este mundo faz os criminosos,
nos bairros de ilusões,
miúdos sujos correm, ranhosos
mais tarde, pobres ladrões.

Sonho acordado o momento
que esta verdade seja mentira
Sejam erros, este sentimento.

Mais tarde, direi sobressaltado,
Raios parta, que se passa?
Estou finalmente enganado?

Álvaro Punhal.

Rapariga

A Rapariga. Pesam-lhe os anos que não tem; a droga, a fome, a morte, a outra face do mundo, tudo passou por ela, menos o amor (esse, nem vê-lo, quanto mais senti-lo). Procurou em mim um carinho especial, e muito de algo que nem eu nem ninguém lhe poderá dar, momentos que já perderam a vez de serem, sensações que lhe foram vedadas, vê na televisão a família que nunca teve e por quem chora, delicia-se com as fábulas que lhe contam e imagina, antes de se render à amargura da crua realidade que a rodeia.

Deixara a droga e a outra face do mundo era cada vez menos ela... mas estava tudo lá dentro (impossível deixar para trás toda uma vivência, um "gigante adormecido" que não encontra David que o abata). Contudo, tudo parecia melhor.

Hoje, percorri as ruas da Alta. À procura dela. Sem querer mostrar, tinha o coração nas mãos. A raiva e os impropérios que lhe dirigia procuravam resposta, não a encontravam, perdidos na noite eram reflexo do nojo que tenho de um mundo que deixa que as pessoas sofram o que ela sofreu, e que batam fundo como ela bateu. Para cima e para baixo, entre ruelas, deixando os bares e as livrarias perdidas em que me perco para trás, estas ruas, que tanto valor têm, com mil histórias de estudante embrenhadas nas frinchas das paredes e nas pedras das calçadas, sinto-as frias agora, vazias e desprovidas de sentimento. Perco-me uns segundos a olhar para a Sé Velha, lembro-me mais uma vez de pedir ao Luís que me mande as fotos da Alta.

Encontro-a nas escadas; no meio de beatas e garrafas partidas, faz parte do cenário. Está bem. Estará? A cara não mente. Rendida outra vez ao álcool e à droga, e ao outro lado do mundo, desta vez não quer ajuda, não deseja ser ajudada. Quer que a deixem em paz, resignada. Quer odiar quem a ama, mas não consegue. Não (n)os olha directamente, tem medo que as lágrimas lhe dissolvam o disfarce. Há batalhas que só cada um pode travar. E enquanto ela preferir a Noite, e o lidar com a hipocrisia e o Falso, tão previsíveis e que lhe dão a segurança de saber a cada momento com o que pode contar, ninguém a pode ajudar. Não quer lutar para ser alguém de Dia, contenta-se em ser Rainha. Dos Malditos. Vou-me embora. Chegou mais droga. A cara pesada alegra-se, ela sabe para onde caminha.

E ao longe, quando me virei, podia jurar, voavam dois anjos negros sobre ela.

terça-feira, fevereiro 10, 2004

Mesas de café

Uma mulher olha perdida, desvanece-se a pouco e pouco, mistura-se com a neblina lá fora. Papéis, açúcar, garrafas vazias e semi-vazias, despojos do momento ali. Uma gargalhada sonante, um sorriso que responde. Um rapaz que espera, ansioso, treme nervoso. A rapariga atrás, de costas, sentada, que espera, ansiosa, treme nervosa. Um velho, agarrado ao copo, sente a vida passar por ele, tenta iludir-se com o tinto e enganar a morte. O copo é a certeza de outro dia, o que o faz lembrar-se que não morreu ainda (não, já não sente, o sentir é passado, e esse já não volta mais). As crianças comem bolos, os pais embevecidos amam-se. Um jornal, uma caneta, as palavras cruzadas. Nome de poeta? "Ary".

Mesas de café.

sexta-feira, fevereiro 06, 2004

Fata Morgana ou o Claro Obscuro.

Era, era um blog muito recentemente descoberto, mas um grande prazer de descoberta.

Força Fata Morgana.

Nunca percas essa arte que te acompanha.

A de tornar pequenas palavras grandes construções de sentimento.

Álvaro Punhal.

Em oriente, para ocidente

Stress, muito muito stress, muita pressão...
Carros, pessoas, taxis, L U Z E S .....muitas luzes
30 minutos, apenas trinta para o proximo!
Corres, andas, suas, desesperas até que por fim lá está ele...
Á tua espera, para te levar para um mundo melhor,
Mas não menos cruel
De oriente para ocidente

Não tens onde ir, onde te esconder, ficas exposta a tudo...
Queres pensar, agir..mas não podes, ficas presa...pelo olhar....de quem te inveja, de quem te ama
De quem te quer
Te trai
....
Cantas, o tempo todo,
Tentas esquecer a dor,
Mas ela não sai, persiste... Tentas novamente mas ela continua.
Não ha como te livrares dela.
A escuridão, o frio, e a
S-o-l-i-d-ã-o....não te largam.

E a unica certeza que tens é que estes serão os teus "eternos" amigos
De oriente para ocidente.

Basselberg

quinta-feira, fevereiro 05, 2004

O nosso mundo.

A conversa entre um parvo e o seu espelho.

Parvo - "Perdi a conta de quantas mortes provoquei neste século."
Espelho - "Deixa lá isso. O que interessa é que estás candidato para o Nobel da Paz."
P - "Hmm pensando bem, achas que o mereço?"
E - "Mas é claro.. Da maneira como andas a matar pessoal inocente daqui a pouco não há gente suficiente para se matarem uns aos outros. Agora basta enterrares lá algumas armas de destruição macissa."
P - "Será que enterrá-las nos poços de petróleo será boa ideia?"

É simplesmente a única explicação que consigo achar para tamanha... Nem sei que lhe chamar.

Francisco Ventura.

terça-feira, fevereiro 03, 2004

Quando o mundo pára

Quando tu passas,
Quando tu olhas,
Quando tu...sorris, e mostras o teu lado desconhecido,
Meio obscuro meio enternecido...

Voltas para trás e olhas outra vez,
Sorris...............
E voltas-Te a mostrar.

E é então que o espectaculo começa...
E tu apareces,
Mostrando tudo o que foste:
O amor, a perdição,
O ódio,
A Ilusão!!!

....e acaba....como se nada fosse, como se de nada se tratasse.

Basselberg

segunda-feira, fevereiro 02, 2004

Contrariedades

Contrariedades

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Eu hoje estou cruel, frenético, exigente;
Nem posso tolerar os livros mais bizarros.
Incrível! Já fumei três maços de cigarros
Consecutivamente.

Dói-me a cabeça. Abafo uns desesperos mudos:
Tanta depravação nos usos, nos costumes!
Amo, insensatamente, os ácidos, os gumes
E os ângulos agudos.

Sentei-me à secretária. Ali defronte mora
Uma infeliz, sem peito, os dois pulmões doentes;
Sofre de faltas de ar, morreram-lhe os parentes
E engoma para fora.

Pobre esqueleto branco entre as nevadas roupas!
Tão lívida! O doutor deixou-a. Mortifica.
Lidando sempre! E deve conta à botica!
Mal ganha para sopas...

O obstáculo estimula, torna-nos perversos;
Agora sinto-me eu cheio de raivas frias,
Por causa dum jornal me rejeitar, há dias,
Um folhetim de versos.

Que mau humor! Rasguei uma epopeia morta
No fundo da gaveta. O que produz o estudo?
Mais uma redacção, das que elogiam tudo,
Me tem fechado a porta.

A crítica segundo o método de Taine
Ignoram-na. Juntei numa fogueira imensa
Muitíssimos papéis inéditos. A Imprensa
Vale um desdém solene.

Com raras excepções, merece-me o epigrama.
Deu meia-noite; e a paz pela calçada abaixo,
Um sol-e-dó. Chovisca. O populacho
Diverte-se na lama.

Eu nunca dediquei poemas às fortunas,
Mas sim, por deferência, a amigos ou a artistas.
Independente! Só por isso os jornalistas
Me negam as colunas.

Receiam que o assinante ingénuo os abandone,
Se forem publicar tais coisas, tais autores.
Arte? Não lhes convém, visto que os seus leitores
Deliram por Zaccone.

Um prosador qualquer desfruta fama honrosa,
Obtém dinheiro, arranja a sua "coterie";
Ea mim, não há questão que mais me contrarie
Do que escrever em prosa.

A adulaçãao repugna aos sentimento finos;
Eu raramente falo aos nossos literatos,
E apuro-me em lançar originais e exactos,
Os meus alexandrinos...

E a tísica? Fechada, e com o ferro aceso!
Ignora que a asfixia a combustão das brasas,
Não foge do estendal que lhe humedece as casas,
E fina-se ao desprezo!

Mantém-se a chá e pão! Antes entrar na cova.
Esvai-se; e todavia, à tarde, fracamente,
Oiço-a cantarolar uma canção plangente
Duma opereta nova!

Perfeitamente. Vou findar sem azedume.
Quem sabe se depois, eu rico e noutros climas,
Conseguirei reler essas antigas rimas,
Impressas em volume?

Nas letras eu conheço um campo de manobras;
Emprega-se a "réclame", a intriga, o anúncio, a "blague",
E esta poesia pede um editor que pague
Todas as minhas obras...

E estou melhor; passou-me a cólera. E a vizinha?
A pobre engomadeira ir-se-á deitar sem ceia?
Vejo-lhe a luz no quarto. Inda trabalha. É feia...
Que mundo! Coitadinha!

Cesário Verde

domingo, fevereiro 01, 2004

Fim-de-Semana

Acabou.

Francisco Ventura.