Dia após dia, via-te decair para esse mundo de que tanto tinhas medo...
A morte.
Amo-te tanto, tenho tantas saudades tuas, de te beijar na testa, de ver o teu rosto enrugado pelo tempo, o teu olho amoroso azul.
E tenho de viver com a culpa de não te dizer amo-te, nos ultimos tempos que te restavam.
De saber que sofrias, por estar doente. Por quereres viver, plantar as tuas flores, cuidar de tudo quanto te rodeava. Por me protegeres.
Não há palavras para ti.
Acordar com a minha mãe a dizer que tinhas morrido... Ainda o choque não tinha sido o suficiente, ver-te dentro daquela caixa terrível, a cair terra dentro, a ir ter com o avô. Sinto tanto a tua falta.
Não merecias. Avó santinha que tanto amavas a tua dezena de netos, cada um á sua maneira, como cada um precisava.
Espero que estejas bem, a ver-me a escrever isto, a saberes que não te esqueço, nenhum dia.
Uma vez ensinaste-me uma oração, há muitos anos.
Que nunca me esqueço.
Desejo-ta a ti. Á tua alma santa. Que ficará para sempre connosco.
"Anjinho da guarda, minha companhia, guardai a minha alma, de noite e de dia."
Amo-te tanto.
Não há maneira de o dizer.
O que mais espero, é que estejas feliz. E no dia que tiver de ir para aí, estejas para me dar o teu beijinho amoroso. Porquê?
Porque tinhas de ir?
As tuas histórias, a tua vida longa.
Os teus sonhos.
Tudo quanto te rodeava.
Acho que vais gostar de saber que as hortênsias que plantaste aqui, estão todas em flor.
Estamos todos contigo.
Beijo grande. Sei que não devia chorar, estás bem aí, bem melhor que a doença que te possuia por dentro, destruia os teus sonhos. E os nossos.
Mas não me consigo sentir bem sem te ter aqui a apoiar-me.
Beijinho.
Francisco Ventura.