terça-feira, maio 25, 2004

A ti, sabes como acordar memórias.

A falta de um ponto final, numa frase inacabada, num capítulo, uma página rasgada. Ficará sempre em mim, a falta de uma coisa que nunca tive, na eterna procura de um rasgo de sentimento, ficou ali, inacabado, tal reticencia de um momento.
Procurar um fim?
Valerá agora a pena?

Sabes, é dificil encarar que nos falta algo, quando sabemos o que faltou, ou pelo menos somos capazes de acordar um sonho.

Que dói.

Muito.

Francisco Ventura.

segunda-feira, maio 24, 2004

Alquimia.

Crias.
Lentamente, dominas tudo quanto faço, perfeição...
Enganas os meus olhos, maquilhagem de cinzento.
Partidas vis.

Negas-te. Candeia acesa na noite escura, trabalhas arduamente, sem te esforçares.
Canções, boca que cantas.
Semeias em mim.
Sementes destruidoras.

Máscara, noites delirantes.
Poções que crias.
Destruidoras de sanidade.
Donas da verdade.

Tal pedra filosofal.
Alquimista, de mim.

Álvaro Punhal.

terça-feira, maio 11, 2004

Asas.

Era tarde, tão tarde que a noite insistia em fazer-se sentir dentro do meu mundo.
Entardecia, tão lentamente que não sei se era meu o que me pertencia, e navegava noutra dimensão, a do sonho.

Vinhas, direita a mim, com as tuas asas de anjo, olhar de maresia.
Brilhavas ao luar, que a tarde deixava ver além das suas garras, longas e claras.

Chovia, a tua boca sorria, encostava-me ao meu coração.
Saltava louco, dentro de mim.

Olhei-te, desnudada pelo tempo, pela tarde.

E vimos o morrer do sol, sentados.
Ele vai renascer!
E nós também.

Álvaro Punhal.